terça-feira, 22 de novembro de 2016

música de amor número quatro

Oi José.

Faz tanto tempo que não escrevo pra você. Ou sobre você. Faz tempo que eu não escrevo, na realidade. Mas hoje enquanto estava em mais uma das minhas sessões de procrastinagem que você conhece tão bem me peguei pensando em você. E isso foi bom, acredite. Não senti o pesado no peito que normalmente vinha logo após a sua imagem na minha cabeça. Eu só senti vontade de escrever. Faz tanto tempo que não nos falamos, eu não faço mais ideia de como falar com você. Mas vou tentar.

Percebi que faz mais de um ano que não nos falamos. Você também notou isso? Provável que não, você nunca foi muito bom com datas e eu sempre guardando tudo feito um calendário ambulante. Percebi também como eu idealizava tanto você. E percebi só agora, depois de muito tempo, como isso fazia mal pra mim. Acho que não te culpo mais por tanta coisa depois que percebi isso. Você era apenas uma pessoa e eu te transformei em um personagem das minhas histórias criadas pelo tédio e por todos os problemas que se passam na minha cabeça. É simples assim. Você é uma pessoa. Pessoas são só pessoas. Por que eu não percebi isso antes, José? 

Você não perguntou e nem vai, mas eu vou bem. Em relação à você, pelo menos. Minha cabeça continua bagunçada. Você estava certo, afinal. Eu continuo não cuidando bem de mim e agora fumo mais do que quando te conhecia. Lembra nossa última briga quando você me disse que eu sempre encontraria jeitos de me machucar? Acho que esse é o jeito que encontrei pra fazer isso atualmente. 

Continuo tendo horários loucos e meu sono está pior do que antes. Não consigo dormir e quando durmo não acordo pelas próximas doze horas, no mínimo. Mas estou tentando melhorar, é só que é tão difícil. A minha mania de desinteresse que você tanto gostava quando nos conhecemos mas que depois acabou sendo uma das coisas que você mais odiava em mim também continua. Quando será que você vai se interessar por alguma coisa, você dizia nas nossas últimas discussões. Eu também queria saber. 

A verdade é que eu planejava escrever muito mais desses textos pra você, mas você sabe como eu sou pra continuar coisas que eu planejo. De uma maneira bem distorcida, você me inspirou a escrever esse emaranhado de relatos aleatórios e não solicitados. Então, sei lá, obrigado. Não sei se te escrevo mais. Talvez volte a escrever pra você quando eu tiver algo a mais pra falar, do tipo, estou dormindo melhor, agora faço todas as refeições do dia, parei de fumar, agora sou triste só às vezes. Mas sinceramente acho difícil isso acontecer tão em breve.

Esse é o meu último

Tchau, José. 

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