sexta-feira, 5 de junho de 2015

música de amor número dois

Sonhei com você noite passada.

Estávamos na rua, andando, rindo, cercados por nossos amigos. Ou melhor, seus amigos, acho melhor dizer assim, tenho que me acostumar ainda. A luz amarela dos postes vagabundos te iluminava de uma maneira tão bonita, José. Eu queria te olhar pra sempre ali, parado na luz fantasmagórica. Você pega meu olhar e dá um daqueles seus sorrisos tortos e eu derreto. Sou gosma no asfalto frio. 

Escuto sua risada e me sinto aquecido na noite fria. E então me sinto mais aquecido ainda quando você chega perto e passa um braço pelo meu ombro e o deixa ali. Você sussurra algo no meu ouvido e eu não consigo ouvir, mas eu tenho certeza que foi alguma observação perspicaz sobre nossos, desculpa, seus amigos ou alguma coisa sarcástica sobre o neandertal que acabou de passar do outro lado da calçada ou como o céu um dia ainda vai cair e seremos enterrados pelas estrelas e tudo o que vai sobrar na terra será pó ou ainda você pode ter falado algo sobre nós, mas não sei, isso seria te idealizar demais e eu sempre faço isso.

Você tira o braço do meu ombro e começa a dar passos alongados pra acompanhar todo mundo e estende a mão para mim. Essa foi minha última visão de você nesse sonho, José, sua mão estendida enquanto eu tentava desesperadamente alcançá-la, mas eu não conseguia. O céu caiu e eu virei pó de estrela.

Acordei pensando em você e vi sua figura no meu quarto e vi você desaparecer mais uma vez. Pela janela, a luz amarela do poste vagabundo entra e ilumina uma linha do meu lado e eu não consigo evitar essa única lágrima que cai do meu olho esquerdo. Eu não consigo te encontrar no corpo dormindo ao meu lado. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário