Acreditem ou não, mas houve uma época em que eu escrevia, eu escrevia bastante, aliás. Claro que não eram obras primas, na verdade eram textos aleatórios, sobre tudo e sobre o nada, e a maioria deles eram bem ruins, na minha opinião, mas ei, eu escrevia. É claro que nessa época eu escrevia porque queria, eu não me cobrava, nessa época eu queria coisas diferentes das quais quero hoje, os sonhos eram outros. Enfim.
É uma coisa comum pra quem escreve brincar com o famoso writer's block, eu mesmo costumava me descrever como um "pseudo escritor com eterno writer's block" em um dos meus 127 blogs que acabaram esquecidos em um buraco negro da internet porque, vejam só, eu não escrevia. E de uns tempos pra cá encontrei meu amigo bloqueio no caminho, mas a diferença é que dessa vez não era um inofensivo writer's block que iria embora assim que eu relaxasse e simplesmente... escrevesse. Dessa vez o bloqueio era o inimigo, meu pesadelo. Parei de escrever.
Uma página em branco do word é o meu pior pesadelo. E o mais engraçado é que quando estou longe de um computador ou até mesmo de um saco de pão amassado que eu poderia aproveitar pra escrever eu penso em parágrafos e parágrafos de textos, e textos muitos bons, mas é eu chegar até uma página em branco e colocar lá tudo o que estava na minha mente que tudo... desaparece. É quase um ataque de pânico.
Com isso, fiquei pensando como cheguei messa situação. Okay, eu não sou a pessoa mais pró-ativa que você vai conhecer, eu sou, sim, um procrastinador de primeira. Então era apenas natural que eu pensasse que isso era só uma procrastinação aguda, mas a cada dia que passava eu percebia que era mais sério, mas como bom procrastinador que sou deixei pra pensar e resolver isso depois. Eu também tenho um sério defeito que é achar que vou criar o próximo clássico da literatura contemporânea de primeira, sem rascunhos, sem milhares de revisões, eu quero pular todas essas etapas e todo mundo sabe que isso simplesmente não é possível. Outro motivo que encontrei também foi que de uns tempos pra cá eu simplesmente não consigo falar o que realmente penso ou sinto, sinceramente, com ninguém, nem comigo mesmo, e escrever sobre isso me obrigaria a confrontar todos os meus anseios. E, sei lá, vamos deixar pra depois?
Mas pouco a pouco vou perdendo esse medo de escrever e começo a finalmente escrever o que eu preciso escrever, quem sabe aquele menino de uns anos atrás que escrevia aqueles textos ordinários e sonhava acordado começa a me visitar com mais frequência. E essa tentativa de blog número 128 é um lembrete diário para isso: escrever. E claro, não posso esquecer da Luísa, companheira de procrastinação e minha incentivadora #1, olha aqui, estou escrevendo.
Agora, com licença, vou aproveitar o meu (des)bloqueio.
Eu amei esse texto. Eu amei, amei, amei.
ResponderExcluirPor favor, não abandona esse.
Acabei de descobrir esse blog (inclusive, ofendidíssima), mas: amei demais o texto, e me identifiquei com ele muito mais do que gostaria. Realmente passam mil coisas aqui o tempo todo, algumas até bem word-ready, mas tudo isso desaparece na hora de colocar no papel. Não consigo mais fazer isso com a mesma facilidade de antes, e realmente é muito mais por causa de todos os anseios que tenho medo de confrontar do que qualquer outra coisa. Fico feliz em saber que vc está tentando mais uma vez, e sei que eventualmente você vai conseguir :*
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