Sonhei com você noite passada.
Estávamos na rua, andando, rindo, cercados por nossos amigos. Ou melhor, seus amigos, acho melhor dizer assim, tenho que me acostumar ainda. A luz amarela dos postes vagabundos te iluminava de uma maneira tão bonita, José. Eu queria te olhar pra sempre ali, parado na luz fantasmagórica. Você pega meu olhar e dá um daqueles seus sorrisos tortos e eu derreto. Sou gosma no asfalto frio.
Escuto sua risada e me sinto aquecido na noite fria. E então me sinto mais aquecido ainda quando você chega perto e passa um braço pelo meu ombro e o deixa ali. Você sussurra algo no meu ouvido e eu não consigo ouvir, mas eu tenho certeza que foi alguma observação perspicaz sobre nossos, desculpa, seus amigos ou alguma coisa sarcástica sobre o neandertal que acabou de passar do outro lado da calçada ou como o céu um dia ainda vai cair e seremos enterrados pelas estrelas e tudo o que vai sobrar na terra será pó ou ainda você pode ter falado algo sobre nós, mas não sei, isso seria te idealizar demais e eu sempre faço isso.
Você tira o braço do meu ombro e começa a dar passos alongados pra acompanhar todo mundo e estende a mão para mim. Essa foi minha última visão de você nesse sonho, José, sua mão estendida enquanto eu tentava desesperadamente alcançá-la, mas eu não conseguia. O céu caiu e eu virei pó de estrela.
Acordei pensando em você e vi sua figura no meu quarto e vi você desaparecer mais uma vez. Pela janela, a luz amarela do poste vagabundo entra e ilumina uma linha do meu lado e eu não consigo evitar essa única lágrima que cai do meu olho esquerdo. Eu não consigo te encontrar no corpo dormindo ao meu lado.
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